Nos dias 26 e 29 de novembro aconteceu o "Impulsione Pretas", uma iniciativa da Cruzando Histórias que teve como objetivo de apoiar mulheres negras que estão em busca de recolocação profissional e passam por desafios relacionados às desigualdades de raça e gênero no Mercado de Trabalho.
Atualmente, segundo dados levantados pelo PNADC/IBGE, mulheres negras ocupam 43% dos postos de trabalho informais, taxa superior à média nacional. Tendo em mente esse problema e contando com o apoio de especialistas na pauta racial, elaboramos um evento que focasse na empregabilidade dessas mulheres e contribuísse para que elas redescobrissem seu potencial e reafirmassem sua autoestima.
Com o apoio da Certsys, Embaquim e Vagas.com. foi possível elaborar uma programação híbrida - dividida entre presencial, na Casa CH, e online - onde mulheres do Brasil todo pudessem participar. Contanto com a presença das especialistas Aline Lima, Daiany França, Katiana Barbosa, Kelly Baptista e Marisa Santos, além de voluntárias especialistas, foi possível impactar mais de 60 mulheres ao longo dos dois dias.
Programação presencial
A parte presencial do evento começou às 10h. Após um café onde todas puderam se conhecer um pouco melhor, as atividades do dia foram abertas com uma roda de conversa sobre Os desafios da mulher negra e o mercado de trabalho, com Kelly Baptista, Katiana Normandia e Marisa Santos. Contando com perguntas feitas pelas inscritas, o papo abordou temas como mulheres negras em posição de liderança, políticas de base, antirracismo, as barreiras no mercado e a importância de se ter uma rede de apoio.
"É importante se juntar com outras pessoas pretas. Aquilombamento é essencial. A luta tem que ser coletiva, a vitória é coletiva. Não adianta eu crescer e ver tantos de nós pobres, passando fome", explicou Katiana ao destacar a importância de, quando em posições de tomada de decisão, ser fundamental que outras pessoas negras sejam trazidas junto.
"Eu sempre fui a única naquela cadeira (coordenadora, diretora). É um enfrentamento difícil quando você quer chorar suas dores com alguém e não tem ninguém como você", complementa Kelly. Para ambas, a rede de apoio é o que faz com quem já alcançou espaço consiga se manter mentalmente saudável para continuar lutando contra as adversidades do mercado. "Eu estou aqui por pessoas que ainda vão estar", afirma.
Na sequência, Daiany França trouxe a palestra Despertar - Habilidades socioemocionais essenciais. Com uma série de dinâmicas, que permitiu às participantes se aproximarem mais, a ativista e empreendedora trouxe ferramentas para que as mulheres pudessem desenvolver suas habilidades socioemocionais, aplicando-as na prática.
Quando a gente se distrai brigando entre nós, a branquitude vai passando. Não querer militar tudo bem, mas você tem que entender que é preciso ter consciência de raça e de classe - Katiana Normandia
Dentre uma das dificuldades estava a de reconhecer seus pontos positivos. "Quando você receber um elogio, aceite! E pratique também se autoelogiar", ensinou Daiany. "A liderança é uma habilidade social, que pode ser desenvolvida como qualquer outra, mas muitas vezes nos faltam os recursos necessários. O que fazemos, então? Usamos o que temos de sobra: atitude", acentua.
Após uma pausa para o almoço, Aline Lima encerrou o dia com a oficina Minha História Tem valor - Autoestima e Autocuidado. "Precisamos de criatividade para criarmos uma vida nova, não podemos somente aceitar o que vem. Precisamos sonhar. Se você não sonha, não tem como mapear o que precisa alcançar", explica. Entre depoimentos pessoais, Aline fez ainda uma dinâmica com as mulheres presentes, ensinando-as a transformar habilidades do dia a dia em habilidades que podem ser usadas e apresentadas em ambientes de trabalho e até mesmo entrevistas de emprego.
MENTORIA ONLINE
A parte online do evento teve como foco uma mentoria onde as mulheres refletiriam sobre o que mais consideravam difícil no mercado de trabalho e como é possível superar obstáculos para alcançar seus objetivos profissionais. Em duas horas de conversa e com o auxílio de 18 mentoras voluntárias, as participantes puderam conhecer umas às outras, trocar vivências e pensar em maneiras de lidar com as dificuldades.
Meu coração está transbordando! Gratidão por fazer esse momento acontecer! - Tatiane de Jesus Freitas
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Confira imagens de como foi o dia presencial do Impulsione Pretas:
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