Perder o emprego é sempre muito ruim, ainda mais agora, com a crise do coronavírus, que tem deixado muitas pessoas sem trabalho.
Se você já passou por isso, com certeza sabe o quanto é importante ter pessoas para te escutar e ajudar numa recolocação profissional.
Esse é o objetivo do projeto Cruzando Histórias, que ajuda mulheres desempregadas a voltar ao mercado de trabalho. Por trás dele, está a recrutadora de RH Bia Diniz.
Tudo começou no dia em que Bia viu na TV a história de uma mulher que estava desempregada e seria despejada de casa com os três filhos. Bia tentou localizar a mulher para ajudá-la, mas nunca a encontrou.
Porém, a frustração serviu de motivação. “Foi então que uma amiga sugeriu que eu buscasse outras ‘Suelis’, e me dei conta que todo meu círculo social estava empregado, mesmo com uma super crise.”
Recrutadora foi às ruas para escutar pessoas desempregadas
“Para entender o que era o desemprego mesmo, peguei uma lousinha do meu filho e comecei a sair nas ruas (padarias, parques, praças, pontos de ônibus) para escutar pessoas”, relembra.
“Na lousinha eu escrevia algo como ‘Está sem trabalho? Fale comigo’. Fiz muitos currículos, cadastrei pessoas em sites, dei dicas, orientações, mas o que era mais gratificante era escutar as histórias mesmo, conhecer pessoas e realidades diferentes.”
Nas ruas, ela escutou 600 pessoas. Em três meses, 40 pessoas foram empregadas. “Então comecei a escrever conteúdo com orientações de empregabilidade, promover rodas de conversa, workshops, palestras etc. Fui conquistando parcerias e espaços.”
O Cruzando Histórias também ganhou voluntários: já são 6 fixos e 46 pontuais. Apesar do encaminhamento para uma vaga de emprego ser o grande foco, a escuta é o grande pilar do projeto, desde o início.
“As pessoas querem ser escutadas, querem atenção, querem apoio genuíno, sem julgamentos nem regras.”
Público feminino é a maioria
Bia identificou que as mulheres têm maior dificuldade para se recolocar no mercado de trabalho. Por exemplo, muitos empregadores ainda enxergam a maternidade como um problema no ambiente profissional, infelizmente.
Por isso, o público do CH hoje é 90% feminino, mulheres entre 30 e 50 anos (em média), com experiência profissional. “Como a ‘pegada’ da Cruzando sempre foi de escuta e acolhimento, atraímos muito mais mulheres que homens, e com isso fui mergulhando mais no universo do trabalho para a mulher”, disse.
Publicado originalmente em Razões para Acreditar em 31 de março de 2020.
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