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Janilene Prieto

Janilene Prieto

Minha história começa em uma família com pai, mãe e três irmãos, eu sou a filha do meio. Aprendi a trabalhar desde pequena, tinha meu lugar cativo na lateral do tanque de lavar roupas, bem pequeno mas me cabia, com apenas 5 anos era minha tarefa esfregar todas as peças pequenas de roupas, enquanto minha mãe ocupava o lugar principal do tanque lavando as maiores, eu tinha grande desejo de deslizar minhas mãos cheias de sabão na parte ondulada, parecia tão legal! 

 

Quando eu tinha 7 anos, meu pai (ferreiro de obra, mais tarde passou à mestre de obra) começou a construir a casa da frente, um sobrado de 3 andares e lá estávamos todos prontos para o trabalho, em meio a brincar e trabalhar. Minha mãe era a chefe, eu e meus irmãos os ajudantes, podendo nos chamar de formiguinhas, risos, carregamos muitos tijolos, muitos metros de areia e pedra, latas com concreto e massa, era divertido preparar a massa e misturar tudo, qualquer coisa que pedissem eu estava ali para fazer. Eu e meus irmãos brincávamos, brigávamos e riamos muito, e desde cedo aprendi a trabalhar em equipe e resolver os conflitos muito rapidamente. Já nessa época desenvolvi a concentração e senso de organização, até mesmo o chão da sala, eu ajudei a colar as madeiras que meu pai ganhou, eram bem pequenas, fizemos em formato de escamas, colando uma a uma, ficou tão lindo e está lá até hoje sendo admirado por quem vê, sinto muito orgulho por ter feito parte deste trabalho. E assim eu cresci, construindo a casa, meu pai não tinha como pagar alguém, então nós éramos os ajudantes. Mesmo com tanto trabalho pesado minha infância foi divertida, escorregava em montes enormes de areia e o balanço era na armação que segurava a laje. 

 

Quando eu estava na segunda série, todos na sala tinham um plástico quadriculado para forrar a carteira e eu depois de algum tempo ganhei o meu, era um pedaço de toalha de mesa com uns desenhos bem grandes de galos e galinhas, que minha mãe ganhou, forrei minha carteira muito feliz, mas a aluna a frente virou-se para trás e rasgou todo o plástico com um lápis. Sem acreditar naquilo segurei a mão dela para parar, mas a professora reclamou da conversa e não fez nada, então devolvi o plástico rasgado no lugar, coloquei o caderno em cima e copiei a lição e já nesse ocorrido aprendi a ser resiliente. 

 

Aos 10 anos de idade minha mãe pegava um trabalho manual para complementar a renda do meu pai, que nessa época comprou um carro por um financiamento. Foi um período difícil, nosso café da manhã era angu de fubá e o da tarde farinha de mandioca com açúcar. O trabalho da minha mãe era montar bonequinhos, indiozinhos, carrinhos e mini helicópteros, montávamos os brinquedos, colocávamos no saquinho e grampeava a papeleta, era bem divertido, embora a quantidade era muita e quando formava calo nos dedos era difícil continuar, mas a chefe, minha mãe era brava e não podíamos parar porque precisava já pegar o próximo lote. Assim aprendi a ser determinada e persistente. 

 

O tempo passou, quando estava no colegial, em época de prova os alunos da sala faziam fila para que eu explicasse a matéria, e eu ficava muito orgulhosa porque todos conseguiam boas notas e por ver que confiavam em mim. Nesse período trabalhei em uma agência dos Correios para fazer conferência de talões de cheque que seriam entregues aos clientes, já na primeira semana me destaquei pela agilidade na conferência e fui colocada como funcionária de ponta. 

Mais alguns anos passaram-se, me casei e estava trabalhando na empresa onde fiquei por 9 anos. Certo dia queimou a resistência do chuveiro e eu fiquei responsável para comprar uma nova, mas não encontrei próximo ao trabalho e quando cheguei em casa a noite as lojas já estavam fechadas, passei na casa do meu pai, ele me deu um chuveiro, meu esposo estava na faculdade, então eu coloquei uma vela em cima do box, desliguei a energia, troquei o chuveiro, tomei banho, jantei e fui dormir. Sou uma pessoa com foco em solucionar problemas e não ficar esperando. 

 

Nessa época tranquei a faculdade de psicologia por motivos financeiros, precisei assumir a prestação da nossa primeira casa própria, enquanto meu esposo concluía seu curso para garantir o plano de carreira na empresa onde está até hoje, depois nasceu meu primeiro filho e quando ele fez 1 ano saí do trabalho para me dedicar à maternidade e acompanhar meu esposo nas transferências de cidade pela empresa. Passou 3 anos e nasceu a caçula, quando ela iniciou na escola com 3 aninhos eu também fui estudar. Para minha surpresa, e grande alegria, passei em terceiro lugar no vestibulinho da Etec em Piracicaba para o curso de Nutrição e Dietética, algo que me fez acreditar muito em minha capacidade de aprender, afinal eu passei na prova depois de anos sem ter pego em um caderno sequer. Concluí o curso com excelentes notas, foi muito gratificante, e sempre falo para meus filhos que podemos tudo com dedicação, que não há nada difícil e sim falta de engajamento. 

 

Em 2017/2018 cuidei da minha mãe que ficou em tratamento paliativo e pude retribuir o que ela me ensinou, sou grata à ela por eu ser quem sou. Hoje sou uma pessoa humilde, responsável, resiliente, amo aprender e ensinar, o tempo que trabalhei na área comercial desenvolvi habilidades com vendas, atendimento, liderança e senso de urgência. Adoro trabalhar e sou atenta com pessoas que não assumem seus erros. 

 

Sempre trabalhei na área comercial, faz 7 anos que atuo como empreendedora em um comércio, porém quero mesmo é fazer parte de uma grande empresa, vestir a camisa, colocar um crachá em meu pescoço. Esse é o meu sonho e assim poderei ter tempo de qualidade com meus filhos.

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